Minha avó é médium, sabe. Mas ela não gosta disso, não.
Na verdade, até hoje nunca encontrei nenhum médium que gostasse... Mas deixa baixo.
Essa minha avó sempre rejeitou este lado dela: ela é bem católica e conta pra gente que todas as vezes que ela vê espíritos, “reza até passar” – e que isto a teria ajudado a ter menos “visões” do gênero, embora estes não tenham cessado completamente. Ela não fez a menor questão de se aprofundar em técnica ou em teoria, nem buscou estudar a respeito.
Quando minha avó era mais jovem, convivia com familiares que frequentavam terreiro – estes familiares, infelizmente, eu não tive a oportunidade de conhecer. Até hoje ela não sabe me especificar se eram candomblecistas ou umbandistas (tamanho o desinteresse da criatura) mas pelas histórias que ela me conta, vou apostar que eram da umbanda.
Enfim, minha avó teve todas as oportunidades do mundo de perseguir este caminho da mediunidade, mas o evitou como a peste. E enquanto isso, eu que estudo e investigo horrores a respeito, não vejo nem uma penumbra...
Será que é porque Deus não dá asas à cobra? É, talvez seja por isso.
É... Não nasci com o terceiro olho aberto, não.
Nunca avistei (pelo menos acordada) nenhum espírito/aparição. Acredito que recebi muitos presentes nesta vida – mas o dom da mediunidade definitivamente não foi um deles.
No meu caso, o véu de Ísis nem é véu: é um cobertor de lã bem espesso. Quase um jeans.
Isto me foi fonte de frustração por muito tempo, principalmente quando comecei a me aprofundar nos estudos da espiritualidade. Tinha esta ideia fixa de que tinha que “ver para crer” (embora eu tenha certeza que se eu eventualmente visse alguma coisa de fato, iria acabar achando coisa da minha cabeça e correria para um psiquiatra).
Teve uma vez que, quando eu estava em um momento de crise, fiquei implorando para os meus guias aparecerem para mim. (Contexto: eles sempre se “apresentaram” para mim de formas sutis, em pensamentos, sonhos e por oráculos – mas para a Bê da época não era o suficiente, eu queria mais.)
Sabe qual foi a resposta deles? “Pra quê, Bê?” A mensagem me veio com uma clareza absurda. “Abrir sua mediunidade te prejudicaria muito mais do que ajudaria. Este caminho não é pra você, e não foi para isso que você foi aí.”
Lidar com espiritualidade é só uma lapada atrás da outra, impressionante...
Ah, e não basta o exemplo da minha avó ou de outros familiares pra eu ficar comparando com a minha falta de habilidades mediúnicas, não... Teve um caso que vivi uma vez que foi o auge do desinteresse da espiritualidade comigo: eu estava sentada na sala ao lado de um ex-namorado meu, quando, do nada, ele começa a se encolher e chorar – quase que em um ataque de pânico mesmo. Aí eu fiquei sem entender nada, claro. Fiquei perguntando pra ele se eu poderia ter feito ou falado alguma coisa que o teria magoado. Ele me falou que não, mas também não me não saiu da sua postura de “tatu-bola”. Depois de alguns minutos encolhido, ele finalmente me contou que ali – SIM, BEM ALI, COMIGO DO LADO – uma entidade meio monstruosa tinha pulado na cara dele.
DO NADA. E o infeliz do espírito apareceu só pra ele, eu estava lá o tempo todo e não vi nada!
E aí eu fiquei tipo “?”... Porra, nem pra me assustar também eu sirvo?
Fiquei de fora dessa. Poxa 🤷♀️
Mas eu sei, vai ter gente que vai falar que eu estou reclamando de barriga cheia. E de fato, estou... Eu reclamo de não ser clarividente, mas... Talvez seja melhor continuar meio “cega” mesmo.
Sei que existem técnicas para “expandir” essa visão - da mesma forma que para “encolher”. Mas assim… Se eu já passei por todos os traumas que eu passei com diferentes entidades sem ver nada… Talvez esse seja um buraco que eu não deva cavar mesmo não 👀
Francamente, já tenho perturbação o suficiente sozinha...
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Obrigada pela atenção! ❤
Amei, Bê! Em alguns momentos da leitura, me identifiquei demais, tenho que confessar. Sinto que, às vezes, a espiritualidade é realmente um caminho muito complicado de se trilhar. Nem sempre vamos ter todas as respostas, e isso é um pouco frustrante. Mas vai que, justamente, algumas lacunas sejam importantes para o nosso caminho? Nunca se sabe...