Caramba... Por onde eu começo? Será que explico do zero para leigos? Às vezes tenho a mania de falar horrores de conceitos espiritualistas, enquanto a pessoa me ouvindo pode não ter a menor ideia do que estou falando...
Ok. Para ficar mais fácil, vamos começar falando de egrégoras.
‘Bê, o que é uma egrégora?’ É o que vou tentar resumir de forma prática, mafagafinhos.
Egrégora é basicamente uma forma de se referir a “bolhas” de energia presentes no “mundo espiritual”; e percebam que coloco aspas no “mundo espiritual”, porque não o vejo como algo separado da nossa realidade – e sim, que estamos mergulhados nele. Essas “bolhas”, que muitas vezes se comportam como uma espécie de esfera de energia mesmo, são formadas a partir do conjunto de muitos seres que pensam, agem e vibram de forma semelhante.
Ou seja, quando muito seres se reúnem com um mesmo propósito, ou com o mesmo conjunto de ideias e crenças, cresce ao redor deles uma energia semelhante, que se mantêm de forma independente, quase que pairando no ar. Egrégoras são, basicamente, “acúmulos” de energia (por vezes estagnada), que a maioria de nós não consegue enxergar quando encarnados.
Por mais que muitas vezes não enxerguemos estas egrégoras, com frequência podemos senti-las. Sabe quando você entra em um local, e mesmo que não tenha nenhuma informação explícita que te confirme a impressão, consegue sentir que o lugar tem uma energia carregada? Às vezes você nem interagiu com ninguém ainda, mas já se sente drenado.
Os exemplos mais comuns disto é quando você vai em algum estabelecimento que atende um grande fluxo de pessoas – por exemplo bancos, correios, escritórios, etc – e recebem uma concentração muito grande de problemas, angústias e ansiedades. Vocês acham que isto não fica gravado no ambiente? Ah, fica sim, e muito. Comece a perceber a tensão no ar da próxima vez que tiver que ir a um lugar assim.
Longe de mim fazer propagandas negativas, mas próximo ao prédio sede de algumas empresas, consigo ter o sentimento de angústia da calçada – de tanto que diferentes funcionários, ao longo do tempo, sofreram ali. E disso, criou-se essa bolha; essa egrégora “deliciosa” de dor e sofrimento.
Mas estes são exemplos até leves, sabe? A questão do sofrimento impregnado é um dos principais motivos de eu ter resistência a visitar alguns monumentos históricos – ou pelo menos, de lá ficar por muito tempo. Já sei que, se eu for à Roma, passarei longe do Coliseu. Se for visitar a Alemanha, dificilmente me convencerão a conhecer qualquer campo de concentração.
Mas não é necessário ir tão longe para ter esse nível de mal-estar. Sabe esses casarões de Ouro Preto, cidade que por si só já tem uma puta fama de mal-assombrada? Sabe as senzalas destes casarões? É, pois é. Praticamente sinto o sofrimento encrustado nas paredes, e tenho certeza que muitos de vocês também.
Mas não necessariamente isso se dá pela presença de espíritos vagantes ou obsessores, tá? Muitas vezes os espíritos das vítimas destes horrores sequer estão ali mais – mas o vestígio energético de suas experiências dolorosas, curiosamente, parecem permanecer.
Tenho um exemplo curioso – e terrível – para dar. No centro histórico do Serro (cidade no interior de Minas, origem da minha família por parte de pai) tem uma construção antiga chamada a Chácara do Barão. É um casarão em estilo barroco, aberto a visitas.
Pois bem. A construção é até bonita, mas algo me chamou a atenção quando fui visita-la. A casa não foi construída toda grudada no chão – parte fica apoiada em pilares de madeira fincados na terra. Ou seja, uma pessoa consegue passar por debaixo do vão da casa, se quiser.
Eu me aproximei desse vão, até curiosa para entrar nele. Mas rapaz, acho que nunca senti uma energia tão ruim na minha vida. Até me afastei, sem entender racionalmente essa intuição tão forte que me parecia gritar para permanecer longe.
Isso tudo para só depois ouvir a guia da visitação contar que a parte da senzala havia sido construída em um período histórico mais recente. Aparentemente, em um passado um pouco mais distante, os primeiros proprietários daquele casarão sequer tiveram a “decência” de construir um lugar fechado para aqueles que escravizavam: antes, os escravizados viviam, comiam e dormiam naquele vão. Embaixo da casa. Expostos ao campo aberto, ao frio e ao sereno terríveis daquela região. Provavelmente tinham que se amontoar para sobreviver.
Arrepio só de lembrar.
Foi mal, pesei o clima. Mas o contrário também pode acontecer: alguns lugares podem ter uma energia mais leve e mais tranquila – e ali você se sente naturalmente inspirado. Não raro, lugares assim contam com a presença de forças renovadoras da natureza – jardins, rios saudáveis, cachoeiras, etc. Sem querer bancar a ambientalista, mas já bancando... Plantas não só purificam o nosso ar, como a nossa energia também.
Voltando à região de Ouro Preto... Aquele lugar definitivamente tem o “véu de Ísis” um pouco mais fino, me atrevo a dizer. Lá tem um distrito famoso chamado Lavras Novas – algumas de minhas experiências espirituais mais marcantes, vivi lá.
Mas essa já é uma história para outro dia... Voltemos.
O conceito de egrégora que apresentei até agora é um dos mais utilizados – mas também já vi essa palavra sendo aplicada em outro contexto, que embora parecido, não é bem o mesmo: para descrever grupos espirituais, digamos assim.
Por exemplo: vamos supor que, um belo dia, um grupo aleatório de pessoas resolveu se juntar, e depois de muito conversar, chegaram à conclusão de que “uau, círculos são muito legais!”. Com o tempo, começaram a se reunir para debater o círculo. “Onde começa o círculo? Para onde ele vai? Podemos alternar sua trajetória de alguma forma?”. Alguns optam por estudar o círculo a fundo, como forma geométrica. Outros fazem interpretações mais metafísicas, extraindo do círculo um significado esotérico. Outros podem se extremar, querendo diminuir ou ofender os “fã-clubes” do quadrado ou do triângulo, por exemplo. “O círculo é melhor forma! É a mais correta! Quem não concorda tá errado!”
E vamos supor que não pare por aí. Os fãs do círculo criam instituições inteiras para manter a proliferação da “palavra do círculo” – escolas, templos, tudo o que estiver ao seu alcance. Assim, conseguem manter a soberania do “círculo”, geração após geração, atravessando séculos a fio. Começa-se a se justificar coisas terríveis em nome do pobre coitado do círculo – que nunca pediu para ser venerado, para início de conversa.
Isso te remete a alguma coisa? Bobagem... Deve ser coisa da sua cabeça. Qualquer semelhança com a realidade não passa de mera coincidência…
Mas agora vamos voltar um pouco: lembra dos primeiros adoradores do círculo? Eventualmente, eles morrem, certo? E quando morrem, vão para o tal “plano espiritual”. Eventualmente, vão se reunir com outros espíritos que pensam de forma semelhante, e mesmo no pós vida, continuarão a defender os grandes ideais do círculo. Afinal, agora que não são mais vendados pelo véu de Ísis (mas sim pela limitação da própria ignorância) insistem em afirmar que viram, presenciaram a graça do círculo, e a ele servirão por toda a eternidade.
E neste plano espiritual, os adoradores do círculo montam e compõem colônias inteiras – que podem até atuar com diferentes propósitos, mas foram fundadas nos ideais específicos de seus “criadores”.
Pois é. Pode-se considerar que a maior parte das egrégoras espirituais se formam assim. Indivíduos que pensam de forma semelhante, ou creem em um mesmo ideal, ou compartilham de um mesmo sistema de crenças – quando se acumulam e replicam as mesmas tradições por muito tempo, ou até por muitas gerações, acabam (ainda que sem consciência disso) participando e alimentando uma egrégora em comum.
Existem egrégoras diversas. Múltiplas. As mais famosas (e influentes) hoje são a cristã, a hindu, a budista, a muçulmana. Logo, a forma como cada uma delas retrata o “pós-vida”, não se trata da única forma que existe, mas uma das milhares. Tudo depende do seu sistema de crenças, pois é ele que molda a sua realidade.
Mas veja bem... Egrégoras assim não se resumem apenas a grupos religiosos. Não. Sabe a região hospitalar da sua cidade? Aquilo forma uma egrégora. Sabe uma concentração de condomínios? Outra egrégora. A cultura de um país ou de um povo? Puta egrégora.
Mas vamos pensar além do espaço geográfico: pessoas que compartilham atividades em comum: profissionais da área de TI, por exemplo... Egrégora! Artistas? Sim, e talvez seja uma das mais belas egrégoras, devo dizer. Jogadores de pôquer? Sim, por incrível que pareça, outra egrégora.
Tudo tem egrégora. Ficaríamos assustados, se pudéssemos vê-las todas...
Aonde seres se concentram, aonde pensam parecido, uma nuvem parece cerca-los e uni-los. Como se nossa energia saísse de nós, e buscasse vida própria. Não é uma gracinha?
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